As preocupações de organização e método estão intimamente ligadas às teorias tradicionais de currículo (David Hamilton) e surgem com a emergência deste campo profissional. Estas teorias tradicionais assentam na visão de escolarização de massas, propondo que a escola funcionasse como qualquer empresa comercial ou industrial (Bobbitt, 1918), especificando os resultados pretendidos, os métodos para os obter, a aplicação de formas de medida dos resultados e a análise de verificação se eles foram realmente obtidos. É um modelo claramente voltado para a economia onde a palavra-chave era “eficiência”.
À luz desta teoria de educador tradicional que se baseia num currículo tradicional, o primeiro impacto ao visualizarmos o Plano Tecnológico da Educação (PTE) é o de uma ruptura com o instituído, um salto qualitativo da escola que jamais será o que era até aqui. No entanto se analisarmos mais profundamente acabamos por perceber que as preocupações económicas e a eficiência pretendida por Bobbit, está subjacente ao plano.
O PTE aparece como um objectivo estratégico, completamente político, o de colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados na modernização tecnológica do ensino, como se de uma corrida se tratasse.
As metas aparecem-nos todas quantitativas, perfeitamente definidas e decompostas em três eixos: tecnologia, conteúdos e formação.
Sem dúvida que podemos considerar que do ponto de vista da gestão de projectos, a um nível macro, ele está muito bem delineado e apresentado, com objectivos bem definidos e com um excelente Marketing a suportá-lo. Proporciona a universalização das TIC na escola através do apetrechamento com múltiplos equipamentos, permitindo simultaneamente o envolvimento de toda a comunidade na aquisição de competências nesta área. Fomenta a racionalização de recursos, através da criação de standards de utilização tais como portais e a Escola Simplex que vão permitir a partilha de recursos. Serão por ventura estes os pontos mais positivos do PTE na minha opinião.
Em contrapartida, podemos criticar o excessivo protagonismo dado à tecnologia em detrimento da sua integração com o currículo (actual ou futuro) não enquadrando os objectivos do plano com os objectivos gerais do ensino-aprendizagem. Também não é quantificado nem planificado o esforço necessário para a massificação da formação de milhares de professores, funcionários e alunos. Aliás nem se percebe bem porque aparece aqui a aquisição de competências TIC por parte dos alunos, visto isso fazer parte do currículo que eles têm de percorrer. Significará isto que o currículo se vai alterar por força do PTE ? Finalmente é no mínimo contra-procedente a excessiva politização do plano, pois isso pode criar sentimentos de rejeição e levar a que os principais actores do plano nem sequer estejam disponíveis para os aspectos positivos do mesmo.
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