O termo currículo surge no vocabulário escolar a partir do momento em que a escolarização é transformada numa actividade organizada em função de interesses sociais, culturais, económicos e políticos.
Nesse sentido pode ser considerada uma operação de poder pois é determinada por alguém que define “o que os outros devem saber” condicionando a “realidade” actual e tentando conceber uma nova “realidade”.
Surge assim como um processo de especificação de objectivos, procedimentos e métodos para a obtenção de resultados educacionais escolhendo de um amplo universo de conhecimentos aqueles que se consideram os mais adequados para os objectivos a atingir, englobando os parâmetros institucionais de decisão e justificação do projecto educativo.
Podemos considerar também o currículo como instrumento de escolarização de natureza prática sendo um processo de representação, formação e transformação da vida social tentando sempre ajustar a relação teoria-prática.
Com o desenvolvimento das sociedades modernas e a presença cada vez maior do multiculturalismo, as escolas, da qual a Escola Secundária de Sacavém é um excelente exemplo, tornam-se palco de uma diversidade crescente, forçando assim a que as teorias mais tradicionais de currículo evoluam para uma forma também mais multicultural, não para criar guetos culturais mas sim de forma a integrar a diversidade de pontos de vista.
Esta evolução de currículo tal como eu a vejo, deve continuar a incluir a parte generalizável do currículo tradicional (como por exemplo a Língua Portuguesa e a Matemática) garantindo a todos o acesso a métodos e conhecimentos científicos que corresponderá a uma escolarização comum mas que será complementada com a diversidade de conhecimentos e experiências de cada um.
Isto implica que a instituição escola não pode continuar a depender exclusivamente de uma gestão externa imposta pelo Ministério da Educação, mas pelo contrário, fomentar processos de tomada de decisão participados pelo colectivo escolar, envolvendo toda a comunidade na gestão curricular local e construindo uma escola curricularmente inteligente.
Tudo isto leva-nos à questão: irá a escola multicultural impor a criação de currículos abertos?
Os passos dados até agora, apontam timidamente nesse sentido mas só o tempo e investigação sobre esta matéria poderão trazer-nos conclusões. No entanto já temos alguns exemplos de flexibilização de currículos e por exemplo os cursos de Educação e Formação já tentam adequar o currículo à população escolar específica destes cursos.
Uma coisa é certa, nada é definitivo e está tudo em aberto.